Os cinco maiores medos em torno da realidade virtual

Os cinco maiores medos em torno da realidade virtual

resumo

A realidade virtual já provou essas virtudes terapêuticas no cérebro humano. No entanto, os temores permanecem e alguns especialistas se perguntam se essa tecnologia pode ter efeitos negativos no cérebro humano.



Os cinco maiores medos em torno da realidade virtual
A ideia de evoluir em um universo alternativo é tanto um sonho quanto desperta medos. Os efeitos da realidade virtual no cérebro humano ainda são pouco conhecidos, sendo a tecnologia ainda muito jovem e pouco instalada para definir com precisão suas consequências na psicologia humana, a curto e longo prazo. A realidade virtual demonstrou ser capaz de tratar certas aflições mentais, recriando conexões neurológicas e cognitivas em pacientes com Alzheimer e Parkinson.

Os cinco maiores medos em torno da realidade virtual

VR, portanto, tem propriedades benéficas na psicologia humana. Mas é o inverso possível? Essa pergunta alimenta os temores de alguns especialistas. Isolamento, dessensibilização, depressão são tantos males mencionados pelos detratores desta futura tecnologia. Devemos nos preocupar? Tentaremos responder a essas perguntas.

Psicologia Social - Ética e Moral

Os cinco maiores medos em torno da realidade virtual

Nos anos 60, o psicólogo americano Stanley Milgram provou que nosso meio ambiente teve uma influência poderosa em nosso comportamento durante o que é sobriamente chamado de "O experimento Milgram". Ele pediu a um grupo de voluntários que administrasse choques elétricos a outros personagens anônimos, interpretados por comediantes. Este último reagiu a esses choques elétricos artificiais de forma realista, porém meus voluntários não interromperam o experimento, apesar dos gritos de dor dos atores. Essa experiência trouxe à luz que comportamentos podem ser completamente desumanizados, quando obedecem a uma autoridade definida. Outros experimentos, como o “experimento de Stanford”, vieram desde então para confirmar essa teoria.



Podemos facilmente traçar um paralelo com a realidade virtual. A experiência atua como autoridade, pois obedece a regras imutáveis, definidas pelo (s) desenvolvedor (es). Em outras palavras, se uma experiência de RV envolvesse escravidão ou qualquer outro ato repreensível, o usuário não teria escolha a não ser obedecê-la e poderia, inconscientemente, justificar suas escolhas obedecendo-lhes.

Não se trata aqui de adesão, mas de obediência cega. O usuário mantém seu livre arbítrio e sua consciência de estar em um universo alternativo. Mas ser capaz de agir livremente sem consequências, como por exemplo em Grand Theft Auto, pode dessensibilizar o usuário para questões morais e éticas do mundo real. No mínimo, esse é um dos temores em torno da RV.

Dessensibilização do indivíduo

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A dessensibilização implica que o usuário não é mais afetado por atos de violência. O resultado é uma ausência de empatia, compaixão e emoção. Às vezes, na vida real, a dessensibilização pode acabar sendo positiva. VRMI (Virtual Reality Medical Institute) está atualmente usando a realidade virtual para eliminar gradualmente o medo de voar em pessoas com essa fobia. Outras fobias também podem ser tratadas com RV, expondo virtualmente as pessoas ao que as apavora, a fim de dessensibilizá-las.

Mas o VRMI também está trabalhando em um projeto que pode ser preocupante: um projeto que poderia "preparar soldados para o combate", enviando-os virtualmente para o cenário de combate. Em última análise, esse tipo de aplicação pode levar os soldados a não mais responder emocionalmente à ideia de cometer atos de violência.


A questão moral que acompanha a dessensibilização pela realidade virtual depende do objeto para o qual estamos tentando dessensibilizar o usuário.. A capacidade de dominar e controlar os medos profundos pode ser de grande ajuda para a humanidade.. Duvidamos que aprender a matar a sangue frio seja tão benéfico. As reações emocionais são o que definem o ser humano. Em um contexto onde os FPS (jogos de tiro em primeira pessoa) certamente ocuparão um lugar significativo nas bibliotecas de RV, a dessensibilização do usuário é uma questão crucial.


Protecção da Privacidade

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Em um futuro próximo, as experiências de realidade virtual devem ser personalizadas para cada indivíduo. Para isso, o usuário terá que divulgar uma certa quantidade de informações: o que lhe causa adrenalina, o que o assusta, o que lhe interessa, etc. As tecnologias de rastreamento ocular devem ter grande participação na coleta de informações, provavelmente para fins de marketing, porque permitiriam definir com precisão os elementos que prendem a atenção individual.

As dúvidas sobre a coleta de dados pessoais e a proteção da privacidade estão hoje no centro dos debates em torno das novas tecnologias. VR não é exceção a este fenômeno. Oculus Rift, que devemos lembrar, pertence ao Facebook, não escondeu seu desejo de coletar dados do usuário : endereço de e-mail, interesses, data de nascimento, endereço, transações, sites visitados, aplicativos utilizados, etc.

Os fones de ouvido de realidade virtual usam tecnologias que capturam o movimento do corpo, da cabeça e dos olhos (rastreamento ocular). Eles podem, portanto, registrar nosso comportamento e saber qual elemento em particular chamou a atenção do usuário durante sua experiência. Esses dados, além dos hackers, serão de grande interesse para os anunciantes, a fim de oferecer aos usuários de RV cada vez mais conteúdo direcionado.


Manipulação de mídia

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O homem contemporâneo é atacado por todos os lados pelas mensagens da mídia. Esse ataque publicitário ocorre em todo lugar: quando ligamos o rádio, quando ligamos a televisão, quando pegamos transporte público, quando andamos na rua, quando navegamos na Internet, quando andamos nas redes sociais, quando enviamos um e-mail, etc. Hoje é impossível escapar do martelar da mídia.


Vivemos em um mundo de colocação de produtos e integração de marcas, a ponto de esta se tornar praticamente subliminar. Isso não é uma crítica, é um fato. A realidade virtual e a realidade aumentada devem ser os meios de comunicação de amanhã para as agências de publicidade.

Essas tecnologias não apenas serão capazes de reunir dados comportamentais valiosos sobre os usuários, mas acima de tudo, eles podem permitir uma comunicação ainda mais envolvente para os anunciantes. O melhor conteúdo publicitário é interativo e permite um alto índice de identificação. A realidade virtual, que é essencialmente imersiva, é, portanto, ideal para destilar as mensagens da mídia, tornando-as ainda mais intrusivas.

Efeitos cognitivos

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Alguns especialistas levantam a possibilidade de que a realidade virtual acabe alterando nossa percepção da realidade, diminuindo nossas capacidades físicas e sociais. Outros afirmam que poderia, ao contrário, melhorar ambas as habilidades, se usado com as experiências certas. Além disso, o indivíduo não esperou a realidade virtual para limitar suas atividades físicas ou relações sociais. Mas ainda existem algumas questões cognitivas a serem consideradas.

Em primeiro lugar, uma das teorias dominantes na neurociência é que a percepção da realidade é gerada pelo cérebro quando tenta interpretar as informações veiculadas pelos sentidos humanos. Hoje é impossível prever com precisão as consequências que essa reinterpretação biológica da realidade virtual terá a longo prazo.

Em segundo lugar, estudos americanos mostraram que pessoas mais velhas são mais propensas à depressão porque têm menos interações sociais. As interações físicas, ao invés da distância, ajudam a manter a saúde mental. Portanto, é questionável se a comunicação interpessoal em realidade virtual terá consequências na saúde mental de seus usuários.

Conclusão

A realidade virtual está em processo de democratização e podemos prever com segurança que ela pode mudar a forma como vemos o mundo.. Fantasiado durante séculos pelos intelectuais mais ilustres, agora está ao alcance do grande público.

Esta tecnologia, que engana o cérebro humano para mergulhá-lo em uma realidade alternativa, pode despertar temores. Historicamente, podemos dizer que todas as tecnologias passaram por esta fase antes de se estabelecerem. O que é estranho perturba. No momento, não há evidências de que a realidade virtual seja a causa da depressão ou transtorno mental. Nenhuma afirmação é, portanto, possível, apenas conjecturas. No entanto, esses efeitos positivos já foram comprovados, mas não estamos imunes a surpresas desagradáveis.



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